Este jogo é, para mim, uma aventura rara e "única-do-seu-género" no que diz respeito à história, enredo e tema. Em vez de se ficar pelo mesmo velho esquema de personagens e história, é te dada a oportunidade de jogar no papel de Blackstar, um Americano de Gema que parece ser um "zé-dos-sete-instrumentos" do sub mundo: parte detective, parte rufião, passador de droga e até "homem-dos-biscates"; mas ele ainda tem um bom coração debaixo da sua dureza exterior. Esta aventura é passada numa comunidade moderna de Americanos Nativos, e deste personagem com que vais jogar irás ver como é a vida nocturna de um "filho-da-rua", mas ainda assim numa perspectiva de Americano Nativo.
A História: O teu dia começa no teu apartamento, tal como um outro dia qualquer. Existem rumores de prostitutas que têm vindo a desaparecer daqui e dali. Isso não é coisa que te preocupe muito, mas quando o teu camarada policia Cam te deixa qualquer coisa, este estranho mistério aproxima-se um pouco mais de ti. O que é mais fixe na história deste jogo e na interacção entre os personagens é que parece tudo tão real e tão "cara-a-cara". Em vez de surgirem as mesmas caixas de texto por todo o lado, terás realmente a sensação de estares a ter uma conversa frente-a-frente com os outros personagens. Todos os diálogos no jogo tomam lugar numa perspectiva única em estilo de entrevista com um conjunto de assuntos interessantes à escolha; esta característica tornou-se um pouco entediante hoje em dia, mas neste jogo ela marcou o tom e o curso da história perfeitamente. Cada personagem que irás conhecer irá não só intrigar-te como também te deixará mais curioso sobre o próprio Blackstar. Podes ficar com uma boa ideia da sua personalidade, mas uma vez que os personagens só dão dicas e piadas sobre os seus assuntos, nunca ficas a saber exactamente onde ele esteve metido anteriormente até que a sua pequena jornada esteja terminada. Este jogo tem uma boa dose de linguagem (e nudez); no segundo episódio, este jogo vai de PG-13 (maiores de 13) para "thriller" R-rated (maiores de 18), portanto prepara-te para algumas surpresas.
Os Quebra-Cabeças: OH DEUS DO CÉU! Embora soluções muito interessantes possam levantar-se destes, eles podem ir de "muito entediantes" a "extremamente dolorosos" às vezes. Estou apenas a falar das coisas que supostamente seriam puzzles; simplesmente ter que descobrir onde se tem de ir ou estar no passo seguinte já se pode considerar só por si um quebra-cabeças, já que tens acesso à maioria das zonas da cidade durante todo o jogo. Irás conseguir resolver facilmente pelos teus próprios meios a maioria das coisas se pensares nelas um bocadinho, mas não tenhas medo de abordar livremente o "walkthrough" se a dada altura achares que é areia de mais para a tua camioneta. O atendedor automático e a lista telefónica serão as tuas ferramentas principais, mas estas podem também criar alguma confusão. Algumas das mensagens que recebes não aparecem senão muito mais tarde, o que pode ser algo doloroso, e não podes rebobinar e ouvir de novo, portanto presta atenção ou então grava o jogo de vez em quando.
Os Gráficos: A arte neste jogo é simplesmente magnífica para a época em que ele foi produzido; os cenários têm um ar de banda desenhada e ainda assim têm algo de artístico neles. Todas as áreas onde podes entrar têm o seu próprio ar de bem-desenhado o que realmente cria uma grande atmosfera. Toda a cidade parece um grande mural de "graffiti" de arte-pop. Embora as áreas tenham um aspecto que enche o olho, muitos dos objectos solitários no jogo têm um aspecto um pouco rudimentar e as caras (especialmente as dos personagens femininos) às vezes são muito feias. Mesmo sendo as caras muito pobremente cuidadas, um bom sentido de "design" dos personagens ao longo do jogo consegue compensar tal efeito. É uma pena que esta série não tenha progredido; teria sido maravilhoso ver estes personagens completamente concretizados com gráficos mais modernos.
A Música: Musica completa a partir de MIDI ou uma melodia retinida (jingles) espantosa pelo PC-Speaker - tu escolhes! O jogo tem uma boa música para criar ambiente em ambas as opções. A música MIDI contribui para criar um ambiente escuro e firme ao longo do jogo, o que é realmente uma reminiscência dos filmes sobre crimes dramáticos do final da época de 80. A música inicial no bloco de apartamentos onde vive Blackstar é uma das melhores musicas que alguma vez ouvi. O resto é bom e podes ficar à espera de um ou dois "remix" da faixa principal durante situações únicas como as que aparecem já perto do final do jogo. Apesar de eu apreciar as musicas MIDI, as melodias retinidas pelo PC-Speaker foram aquelas que mais me marcaram. Ao contrário de outras músicas, o som do altifalante trás qualquer coisa de excêntrico, mas com vibrações mais suaves nos sons curtos, mas serão melodias retinidas doces o que irás ouvir ao entrares em cada área. Como em muitos outros jogos, no entanto, nem as opções musicais oferecem uma música única para cada área; a coisa sai assim um bocadinho aguda, mas não se torna demasiado irritante a há ainda muitos lugares no jogo que têm as suas próprias melodias. Eu apenas gostaria de ter ouvido mais.
O Interface: O interface do jogo é simplesmente grandioso e contribui muito para a jogabilidade, história e atmosfera com uma boa característica "pensante". Para o usares, fazes clique sobre o retrato do Blackstar e ele irá fechar os olhos e partilhar os seus pensamentos contigo; esses às vezes podem ser pistas e noutras vezes serão apenas comentários interessantes sobre a área onde se encontra. Tal como eu já disse anteriormente, a maneira como interages com os NPC (Non-Playable Characters - personagens não jogáveis) é simplesmente maravilhosa e o sistema de inventário não podia ser mais fácil de usar. Uma outra característica realmente gira que os jogos do passado e do presente poderiam ter aprendido com ele é a característica do ponteiro do rato "por cima". Em vez de fazeres clique sobre cada coisa individualmente, podes simplesmente mover a mão do Blackstar sobre eles e este fará o seu comentário a seu respeito. Embora o facto de tocares em muitas coisas possa fazê-lo sair-se com uma resposta irritante do tipo "Leave it alone" (larga lá isso), há alguma piadas hilariantes e comentários que surgem a partir dessas situações portanto, não tenhas medo de tocar nos objectos mesmo que não te pareçam muito importantes.
Apreciação global: Se é o tipo de pessoa que não se sente à vontade com a linguagem de conteúdo adulto e temas e que prefere jogar algo mais brando, então por todos os meios deverás fazê-lo, pois este jogo certamente não é para todos. No entanto, se realmente queres jogar um título de aventura original que decorre numa perspectiva muito raramente vista neste género (e nos restantes em geral), então este é certamente um daqueles jogos que vale a pena tentar e pode até ser mesmo aquilo de que andavas à procura. O jogo na verdade tem as suas falhas como qualquer outro, mas dizer que este foi feito quase todo só por um homem e que consegue chegar a este nível, torna-o imediatamente numa obra-prima para registar no meu livro.
Notas Técnicas: Terás de correr o ficheiro FM.COM na pasta "BLACKSTAR" antes de correres o jogo para fazeres com que a tua placa de som toque a musica. Ainda, se correres este jogo fora do DOSBox numa janela regular do Windows, terás de correr o ficheiro FM.COM e o do jogo BLACKSTAR.COM na mesma sessão da linha de comandos do DOS. Portanto basicamente, não faças simplesmente um duplo clique sobre o executável FM.COM para depois correres o BLACKSTAR.COM, pois isso não resultará; corre ambos os comandos na mesma janela de comandos do DOS. Isto também se aplica aos ficheiros CRACK.COM.
Comentário do updater: Tem em atenção que o ficheiro do jogo contém ambas as partes da série!
